TODA RÚSSIA
TEXTOS, RESENHAS, LIVROS, CINEMA, CULTURA, ANÁLISES, INFORMAÇÕES, NOTÍCIAS, HISTÓRIA, ARTE DA E SOBRE A RÚSSIA. PARA AMANTES DAQUELE PAÍS.
Textos do Blog
-
►
2020
(1)
- ► abril 2020 (1)
-
►
2017
(2)
- ► novembro 2017 (1)
- ► fevereiro 2017 (1)
-
►
2016
(4)
- ► março 2016 (1)
- ► fevereiro 2016 (1)
- ► janeiro 2016 (1)
-
►
2015
(17)
- ► dezembro 2015 (1)
- ► setembro 2015 (2)
- ► agosto 2015 (1)
- ► julho 2015 (3)
- ► junho 2015 (3)
- ► abril 2015 (1)
- ► março 2015 (1)
- ► fevereiro 2015 (3)
- ► janeiro 2015 (1)
-
►
2014
(20)
- ► dezembro 2014 (2)
- ► outubro 2014 (5)
- ► setembro 2014 (1)
- ► agosto 2014 (5)
- ► julho 2014 (6)
- ► junho 2014 (1)
quinta-feira, 22 de maio de 2025
sexta-feira, 24 de maio de 2024
TCHEKOV EM 2024
TCHEKOV – Чехов
Enquanto lá fora a chuva forte lava as calçadas e escorre
pelos bueiros da cidade, levando consigo um pouco de melancolia, leio um
pequeno conto de Tchekov. A rigor, quase todos os contos de Tchekov são
pequenos, e profundos.
Depois de, talvez, dois anos, visito meu próprio blog “Toda
Rússia”, este, onde publicava resenhas de alguns livros e filmes russos. Leio
algumas destas resenhas: Ievtuchenko, Tchekov, Nabokov... Decido voltar a
escrever. E decido presentear uma menina, pré-adolescente, com um Tchekov. Me
parece uma boa porta de entrada para a compreensão da complexidade humana. Ao
menos para se saber o quanto o humano é complexo, profundo, diverso e... igual.
Através da abertura da alma russa, siberiana, das estepes,
dos pequenos escritórios insalubres, das dachas e das isbás, das cozinhas
enfumaçadas, do samovar e dos chás, Tchekov toca toda a alma humana. É uma boa
estrada. Quem conhece a alma russa, conhece a alma humana.
Hoje, fins de maio de 2024, a Rússia está em guerra. Jovens russos
e ucranianos se enfrentam nos campos, nas neves e nas trincheiras e, sem saber,
são protagonistas de um novo ordenamento mundial, que está em curso, nestes
tempos. Também seria interessante refletir sobre a relação destes povos com a
guerra. Para nós, brasileiros, é incompreensível, mas, para eles, tem uma
lógica. Isso seria outro texto, uma outra reflexão.
Mas a pátria de Púchkin, que deu nascimento a gigantes como
Tolstói, Dostoiévski, e também Tchekov, que primeiro chegou ao cosmos, com
Gagarin, não é só guerra. É complexa para poucas linhas. Como a alma humana.
Tchekov também nos apresenta essa pátria, complexa e
profunda, gigante e mesquinha, rica e miserável, do nobre e do mujique,
decadente e de vanguarda, luminosa e deprimida, que troca o chá pela vodca, num
átimo.
Na riqueza e diversidade dos personagens, de um pequeno livro
com alguns poucos contos, penso que a menina poderá começar a compreender o
arco de uma existência, e de suas múltiplas estradas: de uma criança feliz à um
velho burocrata, de um jovem casal que inicia a vida à um velho advogado que
cometeu seus erros no passado e agora não espera mais nada, nem mesmo o perdão,
e não tem arrependimentos. De um casal que bebe chá na cozinha de sua dacha, e
também não tem esperanças, à um jovem oficial, orgulhoso, que tem um mundo pela
frente. De uma jovem moça, “batida e pisada”, no fundo de uma aldeia esquecida
na imensidão quase desértica, à jovem princesa nos salões de Petersburgo. Do já
maduro médico, que cura a si próprio com vodca, ao cocheiro que só conversa com
seu cavalo. Do tio Vânia, àquela família que perdeu tudo e vê o mundo se
transformando aos seus olhos, ao som do serrote sobre as cerejeiras. Do homem
sentado preguiçosamente numa estação, esperando o trem chegar e vendo a vida passar,
escaldante como o verão, suado e modorrento. Dos atores no palco, das cortinas
se abrindo, à um jovem voluntarista e tolo.
Tchekov é um universo. Pela sua lente podemos ver, quase, o
mundo todo, o homem todo.
Neste tempo de tablets e smarts, procurar a alma humana
escondida em muitos personagens, nos resgata um mundo. Um mundo em que somos
algo, mais que um número, mais que um dado. Somos um fragmento do Ser, que
tautológicamente está em nós.
Precisamos de tempo, de imensidões. Precisamos pensar. E nisto
a Rússia, te Tchekov, é muito rica. Por isso deu, e dá, ao mundo, muitos
faróis.
E dessas imensidões, internas e externas, eternas, e desse
tempo que passa e às vezes corre, pode nascer um homem. Ou uma mulher.
Julio Pujol
Maio de 2024
quinta-feira, 9 de abril de 2020
No Degrau de Ouro - Contos
Poderiam ser ambientados em qualquer subúrbio deprimido de qualquer grande cidade do mundo.
“Na pracinha, que Marivana chamava de “bulevar”, pálidas meninas leningradenses cavoucam na escurecida areia outonal, escutando as conversas dos adultos. Marivana, tendo feito rápida amizade com alguma velhota de chapeuzinho, tira da bolsa fotografias velhas e duras: ela e o tio encostados ao piano, e atrás uma cachoeira...”
Um homem velho e solitário, fã de uma cantora famosa do passado finalmente decide ir conhece-la. Pega um ônibus e vai à sua casa no outro lado da cidade. Se decepciona. Ela morre para ele, como uma velha gorda e decadente.
Mulher visita velha de 84 anos – que deixou um amor e a vida no passado. Morre no final.
“No princípio era o jardim. A infância era o jardim. Sem começo nem fim, sem limites ou cercas, de farfalhares e rumores, dourado ao sol, verde-claro à sombra, de mil pavimentos, desde as urzes até o cume dos pinheiros; ao sul, o poço com os sapos; ao norte, as rosas brancas e os cogumelos...”
Num apartamento, Rima, Pipka, Fedia, Danilo. O futuro não chegava. A felicidade não chegava. As mudanças não aconteciam. E Rima revia onde errou...
Um homem maduro. Angustiado. Tem mulher. Tem amante, que no início o faz pensar que vive, mas logo cansa. Um filho doente. Um amigo. Alguém para quem pode contar sua angustia. Sugere uma operação para tirar a angústia da vida.
quinta-feira, 31 de maio de 2018
Contos de Sebastopol

quinta-feira, 16 de novembro de 2017
OS FRUTOS SELVAGENS DA SIBÉRIA
434 p.