E k a t
e R i m B u R g o
Mais do que a cidade onde foi
morto o último Czar da Rússia; mais do que a cidade para onde a indústria foi
removida durante a II Guerra Mundial e que abasteceu a resistência ao nazismo;
mais do que a cidade “secreta” da era soviética, dos grandes projetos
científicos e militares; mais do que a cidade que separa (ou une) a Rússia europeia
da Rússia asiática; mais do que a cidade de Boris Ieltsin. Mais também do que a
cidade por onde passa a ferrovia Transiberiana a caminho da Mongólia, do Baikal,
da China e de Wladivostok, por onde sopra o vento dos Urais...
Ekaterimburgo, uma cidade
ensolarada na primavera, foi fundada em 1723 durante o reinado do czar Pedro, o
Grande e foi nomeada em homenagem a sua esposa Catarina I, portanto tem quase
trezentos anos e desde o seu início possui uma vocação industrial e estratégica
para o país. É a quarta maior cidade da Rússia, situada no centro do país. (Senão
o centro geográfico, o centro estratégico porque próxima e acessível a grande
economia asiática, um dos eixos fundantes da Rússia do futuro.)
Com 1,5 milhões de habitantes,
distante dos quase 12 milhões de Moscou e dos quase 5 milhões de São
Petersburgo, Ekaterimburgo vive um bom momento. Cidade situada numa zona de
muitos recursos naturais, particularmente minerais, tem já uma tradição
industrial (mesmo que por muito tempo estatal) é um grande polo científico e de
inovação da Rússia.
Capital da região dos Urais,
Ekaterimburgo foi sede da reunião dos BRICS em 2009 que examinou os efeitos da
crise norte-americana de 2008 para o mundo e hoje vem se consolidando como um
grande centro de feiras e eventos internacionais, seja na área da indústria
civil ou militar, seja no campo científico e acadêmico, seja na área do
comércio regional e internacional, seja voltados para a Ásia, seja voltados
para o Ocidente, seja voltados para o Sul.
Em 2018 Ekaterimburgo será uma
das sedes da Copa do Mundo de Futebol e já está se preparando para fazer deste
evento uma oportunidade de negócios e de incremento do turismo. Tarefa difícil
esta última frente a polarização que exercem Moscou e São Petersburgo nessa
área. Ekaterimburgo permaneceu uma
cidade “fechada” durante o regime soviético; era difícil um estrangeiro visitá-la
assim como era difícil um cidadão seu deixá-la. Muitos projetos de interesse da
segurança soviética eram desenvolvidos ali.
Em recente visita de estudos à
cidade tivemos a oportunidade de conhecer grandes indústrias, uma siderúrgica,
uma fábrica de lâminas e fios de cobre, entre outras, assim como conhecer a
Universidade Federal dos Urais e o seu projeto de desenvolvimento da
nanotecnologia. Conversamos com pesquisadores, professores e estudantes.
Ficamos satisfeitos ao saber, e conhecer, brasileiros que estão lá se
aperfeiçoando.
Reunimos com a Associação
Empresarial dos Urais com a qual pudemos constatar o imenso profissionalismo e
seriedade com que jovens e novas lideranças da cidade e da região projetam e
preparam o futuro. É preciso lembrar que no campo empresarial tudo é
relativamente novo na Rússia pois até pouco mais de vinte anos atrás tudo era
socialista-estatal. Compreende-se assim a pressa e o empenho em acertar.
Nestes contatos procuramos
estreitar relações econômicas, sociais e políticas entre essa cidade e as
nossas cidades brasileiras, entre a Rússia e o Brasil, dois grandes dos BRICS
que tem muito em comum e ao mesmo tempo tem muito a aprender e ensinar um ao
outro.
Pelo que vimos, pela disposição
aberta e séria com que fomos recebidos, pelo profissionalismo da postura, pela
jovialidade das iniciativas e pela perfeita consciência do momento histórico
que estão vivendo podemos afirmar com tranquilidade que Ekaterimburgo e os
Urais são peça fundamental na nova Rússia que vemos nascendo.
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