segunda-feira, 8 de junho de 2015

E k a t e R i m B u R g o







E k a t e R i m B u R g o

Mais do que a cidade onde foi morto o último Czar da Rússia; mais do que a cidade para onde a indústria foi removida durante a II Guerra Mundial e que abasteceu a resistência ao nazismo; mais do que a cidade “secreta” da era soviética, dos grandes projetos científicos e militares; mais do que a cidade que separa (ou une) a Rússia europeia da Rússia asiática; mais do que a cidade de Boris Ieltsin. Mais também do que a cidade por onde passa a ferrovia Transiberiana a caminho da Mongólia, do Baikal, da China e de Wladivostok, por onde sopra o vento dos Urais...
Ekaterimburgo, uma cidade ensolarada na primavera, foi fundada em 1723 durante o reinado do czar Pedro, o Grande e foi nomeada em homenagem a sua esposa Catarina I, portanto tem quase trezentos anos e desde o seu início possui uma vocação industrial e estratégica para o país. É a quarta maior cidade da Rússia, situada no centro do país. (Senão o centro geográfico, o centro estratégico porque próxima e acessível a grande economia asiática, um dos eixos fundantes da Rússia do futuro.)
Com 1,5 milhões de habitantes, distante dos quase 12 milhões de Moscou e dos quase 5 milhões de São Petersburgo, Ekaterimburgo vive um bom momento. Cidade situada numa zona de muitos recursos naturais, particularmente minerais, tem já uma tradição industrial (mesmo que por muito tempo estatal) é um grande polo científico e de inovação da Rússia.
Capital da região dos Urais, Ekaterimburgo foi sede da reunião dos BRICS em 2009 que examinou os efeitos da crise norte-americana de 2008 para o mundo e hoje vem se consolidando como um grande centro de feiras e eventos internacionais, seja na área da indústria civil ou militar, seja no campo científico e acadêmico, seja na área do comércio regional e internacional, seja voltados para a Ásia, seja voltados para o Ocidente, seja voltados para o Sul.
Em 2018 Ekaterimburgo será uma das sedes da Copa do Mundo de Futebol e já está se preparando para fazer deste evento uma oportunidade de negócios e de incremento do turismo. Tarefa difícil esta última frente a polarização que exercem Moscou e São Petersburgo nessa área.  Ekaterimburgo permaneceu uma cidade “fechada” durante o regime soviético; era difícil um estrangeiro visitá-la assim como era difícil um cidadão seu deixá-la. Muitos projetos de interesse da segurança soviética eram desenvolvidos ali.
Em recente visita de estudos à cidade tivemos a oportunidade de conhecer grandes indústrias, uma siderúrgica, uma fábrica de lâminas e fios de cobre, entre outras, assim como conhecer a Universidade Federal dos Urais e o seu projeto de desenvolvimento da nanotecnologia. Conversamos com pesquisadores, professores e estudantes. Ficamos satisfeitos ao saber, e conhecer, brasileiros que estão lá se aperfeiçoando.
Reunimos com a Associação Empresarial dos Urais com a qual pudemos constatar o imenso profissionalismo e seriedade com que jovens e novas lideranças da cidade e da região projetam e preparam o futuro. É preciso lembrar que no campo empresarial tudo é relativamente novo na Rússia pois até pouco mais de vinte anos atrás tudo era socialista-estatal. Compreende-se assim a pressa e o empenho em acertar.
Nestes contatos procuramos estreitar relações econômicas, sociais e políticas entre essa cidade e as nossas cidades brasileiras, entre a Rússia e o Brasil, dois grandes dos BRICS que tem muito em comum e ao mesmo tempo tem muito a aprender e ensinar um ao outro.
Pelo que vimos, pela disposição aberta e séria com que fomos recebidos, pelo profissionalismo da postura, pela jovialidade das iniciativas e pela perfeita consciência do momento histórico que estão vivendo podemos afirmar com tranquilidade que Ekaterimburgo e os Urais são peça fundamental na nova Rússia que vemos nascendo.

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