UM HOMEM COM UMA CÂMERA
Aquisição
recente, no último Fórum Social Temático,
o filme “Um Homem com uma Câmera” do
diretor russo Dziga Vertov é
impactante.
Filme
genial, embora experimental, ou talvez mesmo por isso. Produzido em 1929, na
antiga União Soviética, é um filme
que se propõe sem roteiro, sem cenários, sem atores, sem diálogos. E cumpre a
proposta.
É
um somatório de imagens captadas nas situações cotidianas da Moskow da década
de vinte do século passado e, óbvio, trabalhadas (misturadas, refletidas,
aceleradas, rompidas) por Vertov.
Vertov
permitiu-se levar ao limite a linguagem cinematográfica que nascia, rompendo
drasticamente com a literatura e o teatro. O filme é uma experimentação no
sentido lato da palavra; e uma experimentação bem feita já que é belíssimo.
Absolutamente
de vanguarda, abre fronteiras da arte e, no meu entender, dialoga e de certa
forma é uma continuidade do Futurismo
Russo (de Maiakóvski e Brick),
meio cubista, meio surreal, que tornou-se possível num país que há uma década
vivia o maior processo revolucionário que a humanidade jamais conheceu. Uma ode
ao movimento, à indústria, ao progresso, e ao homem.
Vertov
foi um desbravador; criou ainda o Kino
Glaz (Cinema olho) e o Kino Pravda
(Cinema verdade).
“Um
homem com uma câmera” (Tchelovek c Kino
Aparattom): Uma ideia simples, que em 1929 já revolucionou um cinema que
apenas dava os seus primeiros passos. Se fosse produzido hoje diria-se ainda o
mesmo: genial e revolucionário. Para o expectador, excitante e emudecedor.
Sim,
tudo isso.
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